Ontem, me aconteceu uma coisa que pra mim foi a gota d'agua, sinceramente não aguento mais, as vezes tenho sim e muita vontade de sumir. Tem coisas que não da pra suportar a dor, e quando me sinto mal, apenas escrevo para não descontar em alguem.
Esse post vai ficar grande, mas vou colocar aqui a carta que escrevi a meu pai. O motivo de tanta dor.
Marcelo...
Não tenho coragem de lhe falar pessoalmente, o que realmente sinto. Medo, seria a palavra correta.
Eu ainda me lembro de quando era criança, a familia sempre reunida, e eu sempre recebando muito amor e carinho. Nas horas em que errava, também tinha uma boa lição. Iamos todos juntos às compras, raramente se ouvia discussões. Eu disse raramente! Sempre chegava da escola, tomava meu banho, me sentava na mesa e fazia meus temas! E era sempre meu pai quem me ajudava a fazê-los.
Mas infelizmente o tempo passou...
Nas minhas 12 primaveras, apenas escondida atrás da porta, pude ouvir uma história que pra mim, era uma desgraça. Meus pais se separando. Quase rodei aquele ano. Só não rodei porque sabia que era mais forte que isso.
31/12/2oo3 - Exatamente o pior dia da minha vida.
Simplismente as piores férias da minha vida...
Aquela menina não acreditava em conto de fadas, mas não tinha idéia de que aquilo podia acontecer com ela.
Sempre soube separar muito bem as coisas, meu pai havia se separado da mulher e não da família.
2oo4 Foi ótimo! Claro, tirando as vezes em que tentei ligar pro meu pai e por algum motivo...não conseguia. Tirando as semanas em que ele sumia e, nem me ligava pra saber se estava bem. Foi quando comecei a descobrir, que aquele meu pai não existia mais, alguma coisa ou alguem o tirou de mim....
Com minhas 14 primaveras, minha mãe deu a volta por cima de tudo e de todos que a julgara. Arranjou alguém, a quem pudesse entregar seu amor novamente.Aaah minha mãe! Me orgulho dela! Tenho sorte grande, mas creio que as vezes não sei demonstrar isso.
E aquele cara que se diz meu pai, ficou desempregado, acabou voltando pra casa. Aquele cara já não trocava mais uma palavra cumigo, calmamente.
04/10/2006 - Meu aniversário, 15 anos! Na escolaa uma festa! Em casa normal! Tirando aquele cara que nem me cumprimentou direito. À tardinha, aquele cara veio em minha direção, me abraçou, parabenizou, e disse coisas lindas... pela primeira vez em 3 anos que pude receber um abraço gostoso, carinhoso, um abraço de pai!
No dia chorei muito. Eu sintia tanta falta do meu pai. Até hoje choro quando lembro que por alguns segundos meu pai voltara para os meus braços, lamento o abraço não ter sido mais forte e mais duradouro.
Hoje com minhas 16 primaveras, aquele cara ainda mora aqui. Ele tenta passar uma imagem de pai, que nem msm ele intende. Ele exige respeito, coisa que nem msm ele faz. Mas hoje eu e meus irmãos fizemos de tudo para agradá-lo, mas ele não está nem aí..muitas vezes não está nem aqui.
Ainda estou a procura do meu pai, tento entender porque aquele cara guarda tanto rancor e ódio dos filhos, eu sei que meu pai não é assim. É estranho conviver com uma pessoa que não conheço.
Eu o amo. Eu preciso. Eu sinto falta....
Felizmente é possível relembrar o passado, mas infelizmente é impossivel revivê-lo, por isso viva o presente, para que o fururo seja melhor!